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Ensino Remoto Emergencial e a Ludicidade no Ensino da Matemática

Atualizado: 30 de ago. de 2021

Como é de conhecimento comum, o final do ano de 2019 e começo do ano de 2020 até o presente momento, foi um período marcado por diversas modificações nas estruturas das relações interpessoais, modificações estas tendo como causa diversos fatores, que contemplam desde a evolução das tecnologias digitais (TD’s) e principalmente o surgimento do novo coronavirus (covid-19), então como produto destas modificações foi implementada a medida do distanciamento social para diminuir o contágio do vírus, fazendo então que o uso das TD’s fosse mediador nas relações interpessoais informais e profissionais, como por exemplo, a adesão do ensino remoto emergencial (ERE), modificando desta forma todo o funcionamento do sistema educacional público e privado que estava habituado a operar de forma presencial, o que prejudicou bastante o ensino devido à falta de formação dos professores nas TD’s. Desta forma evidenciando também a exclusão digital que há em alguns contextos principalmente da escola pública, onde alunos e até mesmo professores não têm tem acesso adequado à internet ou dispositivos satisfatórios para o ERE.

Antes de introduzir o tema central se faz importante diferenciar adequadamente ERE de EaD (Ensino à distancia), é comum certo equívoco do senso comum quando estes dois termos são evocados, de forma que entende-se que são de mesma substância senão a mesma.


A EaD possui legislação específica e uma estrutura já estabelecida para desenvolver as práticas de ensino e de aprendizagem de forma síncrona e assíncrona, de acordo com o nível de ensino. É um sistema tecnológico, baseado na sistematização de diversos recursos didáticos apoiados a uma organização autônoma por parte do estudante, em que o professor realiza a tutoria dos conteúdos. (ARETIO apud DA TRINDADE ALFARO et al, 2020)

Ao contrário o ERE não tem uma legislação própria e nem mesmo é considerado uma modalidade de educação (DA TRINDADE ALFARO et al, 2020), o ERE tem como objetivo simplesmente garantir a ação educacional dentro dos parâmetros do distanciamento social, ou seja, ao contrário do EaD o ERE não conta com uma estrutura específica, então devido ao seu caráter emergencial, desconsidera diversos fatores que a EaD tem recursos para suprir.

Dada a introdução do contexto que levou à consolidação do ERE, vale também atentar para a observação do contexto educacional propriamente dito, em específico a respeito da ludicidade no ensino da matemática neste contexto, o qual (contexto) é marcado por uma nova configuração de interação entre professor e aluno que desafia as teorias didáticas até então desenvolvidas e aplicadas comumente pelos professores. A faixa etária trabalhada pelo PIBID UEMG (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, Universidade do Estado de Minas Gerais, 1° ano do ensino fundamental) expressa bem este desafio, pois não basta transferir o modo de operar do presencial para o remoto, por exemplo: um longo período de aula síncrona pode dispersar os alunos muito facilmente, as próprias TD’s também podem dispersar os alunos, assim como também problemas técnicos por parte deles mesmos ou dos professores, fazendo-se então necessário mais do que nunca de maneira planejada e precisa a aplicação do recurso lúdico.

O adjetivo “lúdico” remete a idéia de jogos e brincadeiras, porém no contexto educacional mais do que estas noções, a ludicidade tem como principal objetivo a mediação da abstração que o aluno, dependendo do ano escolar, ainda não desenvolveu como os adultos, neste sentindo a ludicidade é uma prática planejada e não improvisada, onde as brincadeiras e os jogos são desenvolvidos com funções específicas para a aprendizagem dos alunos. “O lúdico é uma necessidade humana que proporciona a interação da criança com o ambiente em que vive, sendo considerado como meio de expressão e aprendizado.” (MOURA, 2018, p.2)

É certo que a disciplina da matemática vem sendo estigmatizada durante décadas, estigma este que compreende a matemática como uma disciplina de difícil compreensão, muita abstração e em alguns casos é compreendida como tendo pouca funcionalidade na vida cotidiana, esta marca negativa sobre a matemática tem como principal fator as metodologias adotadas para o ensino, as quais não fazem a mediação satisfatória da abstração matemática, desta forma levando em consideração que a matemática é um conhecimento cumulativo, se esta mediação é insatisfatória para o aluno nos anos iniciais, então dificilmente o aluno irá lidar bem com a matemática durante todo seu período escolar, daí a importância da ludicidade como recurso pedagógico. Porém o ERE com muito de suas precariedades, modificou ainda mais a atividade lúdica da matemática como também acentuou a necessidade deste recurso, ou seja, pelo fato de que nem toda atividade lúdica do presencial funciona no ensino remoto ou até mesmo não é possível neste contexto do ponto de vista da materialidade, requer que o professor experimente diversas possibilidades e empenhe mais tempo na construção de uma atividade lúdica que cumpra sua função e que consiga vencer os obstáculos do ERE.

Diante de tal desafio é importante que o planejamento de uma atividade lúdica no contexto do ERE não seja deixado de lado ou que fique desleixado, pois a matemática exige e por isso desenvolve o raciocínio lógico do aluno, que na matemática muitas das vezes a construção deste conhecimento pode ser uma habilidade bastante abstrata. E muito além do desenvolvimento do raciocínio lógico,

A educação matemática deve atender aos objetivos do ensino fundamental explicitados nos Parâmetros Curriculares Nacionais: utilizar a linguagem matemática como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias e saber utilizar diferentes recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos. (BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental apud MOURA, 2018, p.2)

Os professores do ERE têm uma grande responsabilidade em mãos no ensino da matemática e o contexto de distanciamento social ressalta a necessidade de atividades lúdicas em disciplinas extremamente tradicionais como a matemática. A ludicidade é muito importante neste contexto, pois em termos gerais possibilita “a incorporação de valores, o desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos, o desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade.” (MOURA, 2018, p.2) Igualmente “a atividade de jogar, se bem orientada, tem papel importante no desenvolvimento de habilidades de raciocínio como organização, atenção e concentração, tão necessárias para o aprendizado, em especial da Matemática, e para resolução de problemas em geral.” (BORIN apud MOURA, 2018, p.4) Ou seja, a ludicidade no ensino da matemática como em outras disciplinas é mais do que uma atividade onde os alunos brincam por brincar, se aplicada corretamente, a ludicidade se trata de uma atividade onde os alunos estão em constante aprendizagem e sintam vontade de aprender.



Bibliografias


DA TRINDADE ALFARO, Lisandra; DE SOUZA CLESAR, Caroline Tavares; GIRAFFA, Lucia Maria Martins. Os desafios e as possibilidades do ensino remoto na Educação Básica: um estudo de caso com professores de anos iniciais do município de Alegrete/RS. Dialogia, n. 36, p. 7-21, 2020.


MOURA, Elisângela Serafim. Importância do lúdico para o ensino da matemática no primeiro ano do ensino fundamental. Revista ISESPI, v. 1, n. 1, p. 8-8, 2018.







 
 
 

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